sexta-feira, março 13, 2015

Contra crise,governo de São Paulo quer tratar água do rio Pinheiros.

Traçado natural do rio Pinheiros em relação ao traçado atual.
O governo paulista pretende tratar a água suja do rio Pinheiros para aproveitá-la no abastecimento da população. A declaração foi feita pelo secretário de Recursos Hídricos, Benedito Braga, nesta segunda (9), ao programa "Roda Viva", da TV Cultura. O tratamento seria feito no próprio curso do rio, entre as usinas de Traição e Pedreira, no limite com a represa Billings, zona sul de São Paulo.

Segundo ele, a ideia é retomar um projeto que já consumiu R$ 160 milhões e foi abandonado duas vezes, em 2003 e em 2011 –nos dois casos, em gestões do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Após dez anos de investimentos do Estado e da Petrobras (R$ 80 milhões de cada), o projeto não conseguiu limpar de maneira satisfatória a água do Pinheiros. Testes apontaram que ele não eliminava o nitrogênio amoniacal, que permite a proliferação de algas que podem liberar toxinas nocivas à saúde.

Uma grande quantidade de lodo gerada no processo está estocada até hoje em uma área próxima da Billings. A remoção só começou em junho. O processo busca, por meio de produtos químicos, agrupar a sujeira em flocos. Depois, bolhas de oxigênio são injetadas no fundo do rio, fazendo a sujeira subir até a superfície para que possa ser retirada.

O secretário afirma que, atualmente, existem processos mais modernos de flotação, capazes de retirar esses resíduos do rio. Segundo Braga, a ideia é lançar a água na represa e captar essa mistura, que seria tratada como a água de um rio qualquer. "A Sabesp está em discussão com o empreendedor que fez o teste [em 2011] para retomar esse processo. Há novas tecnologias e temos esperança de deixar o reservatório Billings bonitinho", disse.

Para Eduardo Cleto Pires, professor da USP de São Carlos especializado em tratamento de água, o risco é o de espalhar os resíduos do rio Pinheiros por outros mananciais da Grande São Paulo. "A medida só está sendo tomada para o abastecimento humano porque estamos em um momento de crise. O problema é que isso se torne permanente, mesmo depois dessa crise", disse ele.

Com as informações: Folha de São Paulo.

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